• A ORIGEM
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  • Hoje em dia, o drift é uma modalidade de exibicionismo, e as competições têm critérios de julgamento muito subjetivos. No entanto, o drift nasceu de uma técnica com um objetivo completamente diferente. Kunimitsu Takahashi desenvolveu uma técnica em que a dianteira do carro tangenciava a parte interna da curva, permitindo que a traseira escapasse, estendendo a tração além do limite. Dessa forma, ele conseguia sair da curva mais rápido que seus oponentes. Kunimitsu Takahashi foi um piloto muito respeitado no Japão e no mundo, tendo uma carreira brilhante, na qual competiu em diversas categorias, como moto velocidade, corridas de turismo, 24h de Le Mans e até mesmo um GP de Formula 1 em 1977.
  • Essa admiração e respeito influenciaram toda uma geração de entusiastas e pilotos amadores, os quais treinavam e aperfeiçoavam a técnica de Takahashi ao ponto de dar origem a uma nova modalidade que hoje conhecemos como drift.
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  •    DRIFT DE RUA
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  • Como mencionei no tópico anterior, Takahashi não influenciou apenas uma ou duas pessoas, e sim toda uma juventude dos anos 80. Inicialmente essa galera se reunia nas montanhas do Japão para treinar as técnicas e se divertir.
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  • O objetivo deste tópico não é, de forma alguma, incentivar o drift de rua. Cada um sabe o que é certo e o que é errado, mas não podemos ser hipócritas. Se hoje a modalidade é o que é, é por conta dessa galera ousada, e na verdade, não é a primeira vez que isso acontece. A cultura Hot Rod nos EUA, no pós-guerra, cerca de 40 anos antes do drift, também começou como uma forma de arruaça, com jovens um tanto inconsequentes buscando adrenalina e diversão. Toda essa "irresponsabilidade" deu origem ao maior setor de performance automotiva do mundo, que até os tempos atuais concentra o maior número de empresas no "The Motorsports Valley" na Califórnia, o berço da cultura Hot Rod.
  • A história se repete no Japão e hoje está se repetindo no Brasil. Aqui, no estado do Rio Grande do Sul, a primeira equipe de drift, chamada "Sucata Spec", surgiu em 2013, mas só começou a conquistar espaços adequados para treinos em meados de 2018. A cena das montanhas é conhecida no mundo do drift como "touge", que na tradução literal significa caminho sinuoso na montanha. Mesmo com acesso as pistas adequadas, muitas pessoas ainda sobem as montanhas para vivenciar a essência do drift.

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  • DRIFT KING 
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  • Diversos pilotos amadores foram responsáveis por difundir a modalidade, mas entre muitos Keiichi Tsuchiya se destacou, não só por ser um talentoso piloto, mas por ser um grande influenciador da modalidade, difundindo o drift de diversas formas. Ele ajudou a estabelecer o D1 Grand Prix, o primeiro campeonato de drift no Japão, e participou ativamente da organização e promoção do esporte.
  • Também participou de programas de televisão e atuou como consultor em filmes de ação, entre eles “fast furious tokyo drift”, Keiichi fez uma aparição rápida no filme, interpretando o pescador que observa Sean treinar drift no porto. Por estes feitos ele ficou conhecido como o verdadeiro Drift King.

    Acredito que existem diversos outros pilotos e influenciadores como Keiichi, que merecem destaque, infelizmente não teríamos como citar todos aqui, até porque é uma cultura distante, onde muitos registros históricos só estão disponíveis em japonês.

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  • D1GP
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  • Foi o primeiro campeonato profissional de drift do mundo, fundado em 2000, com eventos realizados em pistas de corrida dedicadas em todo o Japão. A competição trouxe pilotos talentosos para batalhas emocionantes de drift, tornando-se rapidamente um dos campeonatos mais emocionantes e populares do país. Ao longo dos anos, o D1 Grand Prix se expandiu e evoluiu, atraindo participantes de diversas partes do mundo e ampliando sua base de fãs. O campeonato também inspirou a criação de outros campeonatos de drift em todo o mundo, ajudando a estabelecer o drift como um esporte automotivo popular e emocionante globalmente.
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  • OCIDENTE   X   ORIENTE
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  • Ao assistirmos vídeos na internet de eventos e campeonatos japoneses no início dos anos 2000, é visível como a técnica e o estilo eram completamente diferentes do atual. Inicialmente, a prioridade era a velocidade, a proximidade e a agressividade, exigindo muito mais técnica do piloto. O estilo atual da Formula Drift é um pouco diferente, com os pilotos buscando mais ângulo; manter a linha correta é mais importante do que manter a proximidade, e as transições são muito rápidas. Tenho a impressão de que a atual D1 está seguindo pelo mesmo caminho. No entanto, ouvi relatos de pilotos brasileiros que vivenciaram a experiência no Japão, e a exigência da agressividade e velocidade continua viva. Na visão dos japoneses, um estilo focado apenas no ângulo é mais um "show" do que drift. Entretanto, o "show" ocidental popularizou muito a modalidade deste lado do planeta, e os EUA são sede do maior campeonato de drift do mundo, impulsionando o surgimento de fábricas de componentes especiais e até campeonatos e eventos alternativos. O estilo de pilotagem é diferente, inclusive os critérios de avaliação. Particularmente, acho mais bonito aquele estilo old school, onde os pilotos eram verdadeiros kamikazes.
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  • DRIFT NO BRASIL
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  • O Brasil tem a maior colônia japonesa fora do Japão, o que contribuiu para o início relativamente precoce do drift no país, antes mesmo da popularização mundial com o filme (Fast & Furious: Tokyo Drift). Uma das primeiras equipes brasileiras de drift, a “SPL”, surgiu em meados de 2006. O grupo de pilotos trouxe alguns carros JDM do Japão e deu início às primeiras apresentações de drift, gerando um conteúdo memorável para as revistas da época. Para mim, o mais icônico era o S15 amarelo.
  • O primeiro campeonato brasileiro de drift foi o Drift Battle Brasil. A competição teve início em 2007 e foi organizada seguindo os critérios da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), o órgão responsável pela regulamentação e organização do automobilismo no Brasil.

     

    Em meados de 2007, surgiu a Drift Company Brasil, uma segunda equipe com a mesma proposta de carros JDM e eventos de exibição. Todas essas equipes tinham membros que vivenciaram a cena do drift no Japão e importaram a cultura para o Brasil.

     

    A terceira equipe a surgir foi a 'Drift Show', em meados de 2010. Com uma proposta similar, mas agora com um maior número de carros e integrantes, a Drift Show ajudou a difundir ainda mais o drift e plantou a sementinha no coração dos adolescentes da época.

     

    Não posso deixar de falar sobre o piloto Tiago Romano, que começou a participar de treinos e eventos na mesma época que a Drift Show. Romano era um verdadeiro discípulo do drift, levando essa prática por onde ia, promovendo muitos eventos e treinos. Ao assistir sua participação recente em Podcasts, é notável a intenção que ele sempre teve de plantar a semente no coração da garotada, além de possuir uma filosofia mais focada na prática do que na competição. Apesar de Tiago Romano não participar de campeonatos atuais, acredito que ele seja um dos melhores pilotos de drift do Brasil.

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  • NACIONAL   X   IMPORTADO 
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  • Perceba que ao contar a história do início do drift nacional, vimos muita “importação”, não só da cultura como dos carros também, as primeiras equipes de drift só usavam carros JDM, plataforma Silvia, Skyline, Zetos, e etc, carros incríveis, mas um pouco longe da realidade da maioria da galera. Isso ajudou a reforçar a nossa “síndrome de vira-lata”, e muitos cresceram acreditando que para pratica do drift você precisa ter um chassi “S” ou pelo menos 300cv de potência. Como diz um amigo meu “a galera fica sonhando com os Silvias e não vive os ômegas e os chevettes”, é engraçado, mas é verdade.
  • Entendemos que plataformas como Bmw, Silvia, Zeto e outros, tem um “aftermarket”, todo um mercado de acessórios que começou ser construindo junto com o surgimento do drift, e nosso papel como fabricante de peças é justamente cumprir essa função com os carros nacionais, desenvolvendo e fabricando múltiplas opções de configuração, no objetivo de tornar a modalidade mais acessível para um público cada vez maior.
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  • SUCATA SPEC
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  • Para quem não sabe, a MMP se localiza na cidade de Carazinho, centro norte do RS, e tivemos a oportunidade de participar e viver o início da modalidade aqui no estado, então me sinto no dever de contar essa história. O tópico leva o nome da “Sucata Spec” porque foi a primeira equipe de drift do estado, formada em meados de 2013, começou no virtual, onde o João Aguiar e o João Lucas Amaral se reunirão no game MTA (versão online do GTA San Andreas). Uns meses depois o Aguiar comprou o seu Chevette, na sequencia criou uma página no Facebook para postar as fotos e vídeos andando na chuva, ainda na rua mesmo, logo a página começou a ganhar seguidores e novos integrantes surgiram.
  • As primeiras botas da equipe se davam em vias públicas mesmo, geralmente em pátios de postos, empresas, loteamentos e lugares abandonados, qualquer lugar amplo que não tivesse muita gente observando.
  • Como eu mencionei no início do texto, jamais incentivaria a pratica da modalidade em lugares inadequados, mas também precisamos entender que a cena da época era outra, imagina uma galera nova entre 18 e 19 anos com meia dúzia de chevette velho tentando ingressar em kartódromos e autódromos, levando a proposta de uma modalidade pouco difundida, foram muitos “nãos”, até que finalmente alcançamos um número razoável de integrantes motorizados, então foi alugado o estacionamento do Velopark em Nova Santa Rita RS, e o primeiro Drift Day do RS aconteceu em 2018, pouco tempo antes eu conheci e ingressei no grupo. Na foto abaixo podemos ver o chevette “Juninho” carro cobaia da MMP na direita da fila.
  • Deste ponto em diante os treinos e eventos começaram a ser frequentes em locais apropriados, tendo de duas a três vezes no ano, geralmente no velopark ou no kartódromo de Tarumã. Hoje a Sucata Spec conta com 30 membros ativos e mais de 5000 seguidores na página.
    O que mais diferencia a Sucata Spec dos outros grupos do Brasil é a simplicidade dos carros. Todos os integrantes sempre fizeram muito com pouco e é assim até hoje, o que ajuda muito a desmistificar as crenças de que “é necessário ter X potência, ou gastar X valor no projeto”. A Sucata Spec ficou conhecida como a crew do “Drift baixa renda” e nos orgulhamos muito deste título.
    Em meados de 2021 o piloto profissional Matheus Sartor, que é gaúcho, começou a ajudar a promover o drift aqui no nosso estado, a visibilidade e a influência do piloto abriu diversas portas, tanto para eventos em diferentes pistas, como promovendo a pratica através de cursos e de maior frequência de treinos, cada ano que passa conseguimos ter uma quantidade maior de eventos, treinos, praticantes e telespectadores.
    Em agosto de 2022 tivemos o primeiro campeonato gaúcho de drift, a “Drift Show”, realizado dentro dos parâmetros da CBA, e organizado pela Ivoti auto club, no parque cultural de Ivoti RS
  • Vale apena destacar que quatro pilotos do podium do campeonato eram membros Sucata Spec e o primeiro e quarto colocados usavam peças MMP.
    Esperamos continuar participando, fomentando, e assistindo a cena se expandir cada vez mais.
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  • INTERSTADUAL
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  • Se eu for resumir a Interstadual em poucas palavras, é "inspiração e exemplo". Para quem não conhece, a Inter é uma Crew de drift que utilizava o Youtube como principal ferramenta de mídia e inspirou toda uma geração de drifters, inclusive eu. Os vídeos da Interstadual sempre tinham uma vibe de coletividade e união, mostrando registros das viagens em grupo de amigos para pistas e eventos.
  • Não tem como contar a história da Crew sem citar o "Vitoka" (Vitor Ranger Muller), o personagem por trás das produções dos vídeos. Vitoka conta brevemente como a Crew surgiu no vídeo da série "Built to Destroy", gravado em 2014 e ainda disponível no canal. Tudo começou como uma desculpa para acompanhar de perto a cena do drift. Vitoka acompanhava os pilotos veteranos Lucio Turossi e Wilson, e em troca, prometia entregar vídeos dos eventos. Essa brincadeira deu origem à Interstadual e muito mais do que isso; deu origem à profissão de Vitoka. Hoje, ele é um Videomaker profissional e fundador da empresa "Dream Media BR".
     
    Vitoka já trabalhou na cobertura de eventos como Rally de velocidade e diversas competições de Drift, não só no Brasil, mas também na Nova Zelândia, Japão e outros lugares. Além disso, ele trabalhou na gravação de shows internacionais e na produção de videoclipes.
     
    Acho extremamente importante contar a história da Inter e de Vitoka, pois as novas gerações que estão chegando precisam de bons exemplos. A trajetória do videomaker mais conhecido da cena é um grande exemplo de como coisas que parecem não ter um futuro para alguns podem ser frutíferas para outros.
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  • VOCÊ NASCEU NO LUGAR CERTO!
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  • Percebo que as atuais gerações e principalmente a galera que curte automobilismo, reclama muito por ser Brasileiro, e se você leu tudo até aqui significa que você realmente ama esse negócio de drift, e talvez você não tenha um carro pra chamar de seu, talvez você não tenha o recurso disponível para montar o carro dos sonhos, talvez você esteja no meio da Amazônia agora, ou em uma cidade do interior do país, longe das pistas e das oficinas de preparação, talvez você não tenha ninguém que te apoie nos teus sonhos, mas a boa notícia é que apesar de todos os nossos problemas sociais e políticos, o Brasil ainda é a maior economia Latino Americana, tendo a maior cena latina do Drift, maior número de carros montados, uma constância crescente de eventos, treinos e até competições secundarias na modalidade, então “fica a dica”, talvez você esteja vivendo a melhor época, com inúmeras oportunidades e nem sabe.